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Surdos e a redação - Correção especial

Compartilhe essa notícia! | Data : sábado, março 17, 2012 | Series :
 Surdos reclamam correção especial para redação no vestibular


Pelo menos 22 alunos com deficiência auditiva que vão disputar o vestibular este ano estão preocupados com a correção da prova de redação durante o processo seletivo.

Os candidatos se sentem prejudicados nesta modalidade da prova, pois a escrita dos surdos é diferente dos demais candidatos que não possuem deficência auditiva.

Para alguns surdos, o ideal seria que, ao invés da redação escrita, as Instituições de ensino superior aplicassem uma prova oral, mas dentro da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Outros candidatos sugerem que a redação seja corrigida por um profissional que tenha formação na Língua de Sinais, para compreender a escrita dos surdos. Na redação, os surdos não usam conectivos e os verbos sempre são escritos no infinitivo. Nem sempre fica definida na escrita a distinção por gênero.

Sobre a estrutura da Libras, a pedagoga Rejane Lima ressalta que não pode ter como base a Língua Portuguesa, uma vez que a gramática é diferenciada e independente da língua oral. "A ordem dos sinais na construção de um enunciado obedece regras próprias que refletem a forma do surdo processar suas ideias, com base em sua percepção visual-espacial da realidade", diz.

Nas escolas

Para a professora Sônia Teixeira, esta preocupação dos candidatos com deficiência reflete um problema que não se restringe à época do vestibular, e sim em como as escolas regulares estão tratando os alunos com necessidades especiais. "A escola regular não consegue dar conta da inclusão destes alunos. Há poucos profissionais com formação para os surdos, por exemplo", aponta a professora.

O candidato Rodrigo Duarte de Queiroz, 29 anos, é um dos surdos preocupados com a redação. Ele vai disputar uma vaga para o curso de Licenciatura em Letras - Libras, oferecido pela Universidade do Estado do Pará (Uepa), mas vê dificuldades nesta modalidade que podem prejudicar qualquer candidato com deficiência auditiva, uma vez que a escrita de quem não consegue ouvir é diferente.

"A prova de múltipla escolha a gente entende, mas ao invés de termos de escrever a redação deveria ter um intérprete para traduzir (uma espécie de redação oral)", disse Rodrigo, que, depois de formado, pretende fazer concurso público.

Somente na Uepa, 103 candidatos com algum tipo de necessidade especial se inscreveram para os processos seletivos deste ano, sendo que 88 farão as provas em Belém.

Sobre a preocupação dos vestibulandos com deficência física, a Uepa informou que 63 técnicos especializados, lotados na própria instituição, irão acompanhar os candidatos durante a realização da prova.

Em relação aos candidatos surdos ou de baixa audição, a Uepa esclareceu que eles serão acompanhados por intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) ou por ledores que poderão elucidar o conteúdo das provas, em caso de dúvidas. Sobre a correção da prova, a Uepa não comunicou se haverá algum tratamento diferenciado para os alunos com necessidade especial.

Em resposta a inquietação destes vestibulandos, o Centro de Processos Seletivos (Ceps) da Universidade Federal do Pará (UFPA) explicou que no processo de correção das provas do vestibular neste ano não há tratamento diferenciado aos portadores de necessidades especiais, uma vez que apenas a segunda fase é elaborada pela insituição e nela não há prova de redação, nem questões subjetivas - a redação aplicada na 1ª Fase que é a do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). 

Fonte: ONDA JOVEM

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